Informações:
Resenha feita por: Luiza
Autor (a): Daniel Handler
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 376
"O dia está lindo, ensolarado e tudo mais. É daqueles dias em que você acha que tudo vai dar certo etc. Não era o dia para isso, nem para nós, que saímos de 5 de outubro a 12 de novembro. Mas já é dezembro e o céu está claro, assim como tudo agora está claro para mim. Estou contando por que a gente acabou, Ed. Estou escrevendo, nesta carta, toda a verdade sobre o que aconteceu. E a verdade é que, porra, eu te amei demais."
É difícil encontrar alguém que nunca tenha levado um pé na bunda na vida. É como um ritual de transição pelo qual todos temos que passar. É exatamente disso que se trata o novo livro de Daniel Handler, Por isso a gente acabou.
O autor ficou conhecido por seu pseudônimo de Lemony Snicket usado para escrever a série infanto-juvenil de sucesso,Desventuras em Série. Nesse romance, Daniel Handler mantém o mesmo humor sarcástico para tratar desse assunto de uma forma muito leve, divertida e inevitavelmente triste.
Min Green é uma menina louca por filmes, que sonha em ser diretora de cinema. Sua vida vira de cabeça para baixo quando ela começar a sair com Ed Slaterton, cocapitão do time de basquete e um dos meninos mais bonitos da escola, Ed pertence à turma de populares, o completo oposto da turma de amigos de Min. Com muito pouco ou quase nada em comum, os dois vivem um relacionamento intenso e muito apaixonado.
Porém desde o início já se sabe que algo deu errado, afinal a história começa com uma Min de coração partido, juntando lembranças do relacionamento dos dois e colocando tudo em uma caixa para entregar para ele, enquanto lhe escreve uma carta. Na tampa da caixa está escrito You either have the feeling or you don't, o que significa algo como Ou você tem o sentimento ou não tem, e essa frase passa a fazer cada vez mais sentido conforme você vai avançando na leitura.
Essas lembranças funcionam para que Min conte toda a história desde o início pois cada um dos capítulos é dedicado a um objeto que ela coloca na caixa, enquanto ela conta como veio a possuir cada um deles e o que representaram no relacionamento dela com Ed. E ao fim de todos os capítulos, ela encontra sempre um motivo diferente para eles terem terminado. Como se o namoro estivesse condenado desde o início e ela não tivesse percebido, o que é algo muito comum em finais de relacionamento. Em cada término de namoro, sempre nos lembramos de alguma coisa e pensamos "como foi que deixei isso acontecer" ou "como eu não vi isso antes". Todo o livro é feito de perguntas como essas, já que é um grande relato de um relacionamento que não deu certo e o motivo de não ter dado certo.
Não tem como falar desse livro sem comentar as imagens impressas. Assim como em Desventuras em Série, o livro é cheio de gravuras feitas pela ilustradora Maira Kalman, que funcionam como um ótimo acompanhamento para a história. Todos os objetos presentes na caixa como um ingresso de cinema, um bilhete e duas tampinhas de garrafa, são ilustrados no livro.
Esse é um livro extremamente envolvente. E não é para menos, já que é um assunto tão conhecido por todos. Você acaba sofrendo por começar a história de trás para frente e saber que o relacionamento está fadado a terminar mal. Você se pega torcendo por uma reviravolta no último ato, embora saiba que é improvável. Você passa a gostar do Ed, achá-lo fofo, defendê-lo e duvidar que ele possa fazer alguma coisa que venha a arruinar esse relacionamento que parece tão forte, apesar das diferenças entre os envolvidos. Mas o único mistério que o livro realmente contém é tentar descobrir quem é de verdade Ed Slaterton e o que ele fez para deixar Min tão arrasada.
Um grande destaque ao personagem Al, melhor amigo de Min, e tão original e estranho como ela. Ele é o grande companheiro com quem ela assiste seus filmes favoritos, bebe constantemente café e cozinha diversas comidas, inclusive o bolo de seu aniversário de 16 anos, que eles chamam de 16 do Desgosto, como uma piada ao Sweet 16 ou Doce 16, como é conhecido a data nos EUA, no qual eles fazem um bolo de chocolate extremamente amargo e horroroso. Me apaixonei fácil pelos dois já nesse início!
Daniel Handler merece muitos aplausos por escrever sob o ponto de vista de uma menina que acaba de sofrer uma desilusão amorosa de forma sensível e bem humorada. Sim, o bom humor do autor está constantemente presente na história e é um dos motivos pelos quais eu adorei o enredo. Em momento nenhum a história se transforma em um simples dramalhão adolescente. Handler equilibra todos os momentos tristes e felizes de forma que você ri, se diverte e sofre com a personagem, porém nunca vira algo exagerado.
Não se deixe enganar pela capa, o livro não é infantil, mas deliciosamente jovem e de fácil identificação para qualquer pessoa de qualquer idade que algum dia já sofreu desse mesmo mal.
Avaliação:
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